terça-feira, 10 de março de 2015

Feliz ano novo

Olha, eu jurei que não ia mais falar sobre 2014, que não cabia mais esse assunto porque, afinal, já se foram mais de dois meses de 2015... Mas a verdade é que o ano passado continuou rendendo muito após dezembro e só esse mês eu começo a me despedir. Passei muito tempo sem escrever sobre o que me acontecia e, coincidentemente, tudo aconteceu nesse período. Simplesmente o ano em que eu menos escrevi foi o ano em que eu mais vivi. Alguma relação entre esses dois fatores? Eu prefiro acreditar que não.

Só que, como tudo na vida, o tempo que eu deixei de escrever sobre as minhas desventuras rendeu consequências. A principal delas, eu acho, é que muita coisa se perdeu no esquecimento, principalmente se a memória em questão for a minha, que não serve pra lembrar nem o que eu almocei ontem, que dirá tudo que eu já vivi, por mais inesquecível que tenha sido. Eu preciso escrever se não quiser chegar aos 80 anos sentindo que tudo foi um grande nada. É por isso que esse ano eu não quero cometer o mesmo erro e também por isso que eu tô aqui, hoje, encerrando um capítulo antes de começar um próximo.

Por onde eu andei em 2014? É uma boa pergunta.

Andei por aí, fazendo 22 anos e finalmente entendendo que ser adulta tem muito mais desvantagens que vantagens, diferente do que meu eu de 15 anos jurava que seria. Ser adulto dói, é problemático, é um incômodo que nunca passa. Dá medo pra caramba e requer que você tenha muito peito pra assumir suas escolhas e suas responsabilidades. Ainda não sei fazer as coisas sem antes pedir permissão pro meu pai e, ao mesmo tempo que sinto que preciso sair do ninho e que já tenho condições de começar a fazer isso, me pergunto se não é cedo demais, se não vou voltar daqui 6 meses pedindo arrego e colo. Cá entre nós, ninguém quer ir embora pra voltar, né?

Em 2014 eu andei passando na OAB e descobrindo que estudar 14 horas por dia é desumano e que provavelmente estou fadada a nunca fazer concurso público porque não me vejo sacrificando minha vida em prol de estabilidade financeira. Andei cumprindo todos os rituais de formatura, com direito a casa cheia, amizade relâmpago com gente da minha sala com quem eu nunca tinha falado, chegar em casa 6h e comer McDonald's no café da manhã. Colei grau e me despedi da faculdade jurando que nunca ia sentir saudade, só pra depois quebrar a cara e chorar de nostalgia olhando fotos antigas.

Em 2014 eu andei rodando o mundo, conhecendo países, provando comidas, fotografando mais que em qualquer outro ano. Andei me mudando mais que nômade. Por causa de uma chance de emprego, saí do meu apartamento minúsculo, mas meu (do meu pai, ok), pra morar na casa no meu sogro, no quarto de hóspedes, numa cidade que eu não conhecia e onde eu (até agora) não conheço ninguém (e nem tenho boas perspectivas em relação a isso). Me senti sozinha pra burro e dormi chorando diversas vezes, até finalmente começar a atender que estar sozinha não necessariamente precisa significar que estou solitária.

Em 2014 andei passando os fins de semana na casa do meu namorado, como um casal que já ensaia um casamento, e vendo que morar junto pode ser um esforço de paciência e amor muito maior do que eu previ. Andei perdendo mais mais amigos do que fiz, mas muito, muito menos do que eu recuperei. Andei fazendo besteiras aos baldes e acertando pouquíssimas vezes na vida pra pessoal, só pra no fim descobrir que eu não precisava ter passado nem pela metade do que eu passei. Quem nunca, né?

Muita coisa aconteceu nesse quase um ano não documentado da minha vida, um ano que, pra mim, acabou mês passado e efetivamente começa em um março chuvoso, que veio mesmo pra lavar tudo de pesado que havia... Porque, se 2014 foi uma coisa, foi isso: pesado. Está difícil de engolir até hoje: teve muitos ganhos, é verdade, mas eu não posso ser ingênua e não admitir que foi um ano de muitas, muitas perdas - algumas delas, irreparáveis; outras, só o tempo e um punhado de paciência vai dizer. Depois disso tudo, de viver 365 anos em 365 dias e ver a minha vida mudar radicalmente, de uma maneira completamente imprevista, será que eu tô pronta pra seguir em frente?

Só tem uma forma de saber: 2015, senta aqui, vamos conversar.


8 comentários:

  1. Só me promete que eu não vou mais ficar sabendo por onde você andou só pelo blog, meses (que equivalem a anos) depois?

    Amo você <3

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  2. Amiga, eu sou uma pessoa super ansiosa, que somatiza as coisas, sofre mais do que devia e geralmente por antecedência, então ó, vem cá que vou te dar um abraço de dizer MIGA TE ENTENDO e já que não tá dando pra gente rir juntas, vamos chorar juntas. Te amo <3

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  3. Acho que memórias intensas às vezes são grandes demais para o papel, e redigir tudo aquilo que se sente é missão impossível. Ficou claro que 2014 foi um ano muito "não sei dizer, só sentir" pra você, e isso é, pelo menos na minha opinião, positivo.
    Mas eu não reclamaria se você postasse com mais frequência. ahahahahaha
    Beijos e feliz ano novo! :)

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  4. Acho que acompanhei um pouco da sua vida pelas redes sociais (como esquecer aquelas fotos lindas da Europa ou aquele vestido maravilhoso vermelho de formatura) mas essa sua mudança de cidade e casa acabou sendo novidade pra mim. Acho que do alto dos seus 22 anos, você está vivendo tantas experiências novas que, apesar de ter sumido da escrita, parecem que foram muito importantes para você. E isso sim que importa Dedê: VIVER e VIVER MUITO! Me arrependo de muitas coisas que deixei de fazer quando tinha meus 20's e talvez por isso que me orgulho tanto de vocês meninas jovens e ajuizadas, que vivem tantas experiências boas! Então guarde 2014 no seu coração como ano que você radicalizou, viveu muito, viveu coisas ruins tb, como o distanciamento de algumas amigas, mas que serviu de muito aprendizado para você. E que venha 2015 com suas novidades!

    Beijos querida

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  5. Oi, amiga, CHEGUEI!

    Demorei milênios até me sentir confortável o suficiente pra admitir que 2014 tinha ido embora. Porque a verdade é que, por pior que tenha sido, 2014 foi muito bom também (pelo menos pra mim), e achei particularmente difícil desapegar de um ano tão intenso. Eu estava me esforçando pra isso. Me esforçando pra deixar no passado o que é do passado, porque quando fala assim, fica parecendo que eu ainda estou vivendo lá atrás e esquecendo o aqui e o agora, o que não é bem verdade, mas soa como se fosse. Só que aí eu li esse texto e decidi que não, eu não posso deixar de registrar as coisas que já passaram e correr o risco de perder essas memórias pra sempre. Por mais que talvez eu não sinta a mesma coisa daqui dois anos, quando ler de novo, ter aquilo ali, registrado, é como a certeza de que eu vivi pra caramba. Amo quando cê diz que ser adulto tem mais desvantagens do que vantagens, porque me sinto meio abraçada quando alguém concorda nesse ponto comigo. Tem horas que é maravilhoso, como quando eu tenho a noção que posso viajar sozinha pra ver uma amiga casar (<3), e que não dependo de ninguém além de mim mesma pra isso, mas dá medo, dá raiva, estressa, e eu tenho reclamado muito ultimamente. Longe de mim ser esse tipo de pessoa, mas é o que temos no momento ¯\_(ツ)_/¯
    Seu 2014 foi sem dúvida um ano pesado, então eu espero, do fundo do coração, que 2015 seja mais leve, mais gentil. Que você continue vivendo muito e intensamente, mas que esse ano seja mais gentil. E A Gente vai estar aqui pra tudo, sempre.

    Beijo, meu amô <3

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  6. Dedê, senta aqui vamos conversar.
    Eu não tenho nenhuma dúvida que 2015 vai ser um ano ótimo pra ti. Aliás, espero que já esteja ótimo. É bom te ter por perto de novo. E faço das palavras de Anna Vitória as minhas.
    Te amo <3

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  7. Oi, Dedê. Primeiro de tudo, você resumiu logo no começo do texto um sentimento que tenho tido muito: "ninguém quer ir embora pra voltar, né?". Que medo que dá, sair pra andar com as próprias pernas e acabar voltando correndo, né? Mas eu acho que a gente consegue. Podemos levar um pouco na cabeça no começo, mas com o tempo a gente pega o jeito.

    Li em várias retrospectivas (inclusive na minha) que em 2014 se viveu muito. Realmente foi pesado, não se preocupa que você não está sozinha nessa. Pode ser cansativo, mas tenho achado isso uma coisa boa.

    Precisamos muito bater um papo sobre a vida um dia desses.

    Beijos <3

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  8. Que delicia de texto Dedê! Demorei pra descobrir o seu cantinho novo, mas já amei chegar e me deparar com esse post! Deu pra ver que seu estilo mudou bastante desde o Verdade mal contada! E se serve de consolo o final de 2011 e o começo de 2012 foram os meses que menos escrevi e mais vivi também, pro bem e pro mal... Infelizmente acho que não dá pra separar um do outro pelo menos não nessa ordem, só sendo muito ninja mesmo!

    Espero que as coisas já estejam se harmonizando melhor com esse seu ano novo tardio! Sucesso definitivamente quero voltar a ler você mais e de novo!

    AH e sobre Kingsman, apenas vá ver! Sozinha, com o namorado, com a amiga, com o sogro... Apenas vá porque Colin Firth envelheceu majestosamente e está arrasando no papel de agente secreto!

    Beijos!

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