domingo, 21 de fevereiro de 2016

O pedido surpresa e o "sim"

... que, por sua vez, não foi tão surpresa assim.

14 de maio de 2008
Uma coisa que vocês precisam saber sobre mim é que eu sempre me gabei de ser muito esperta e que ninguém, absolutamente ninguém, jamais conseguiria me fazer algum tipo de surpresa porque eu sou muito desconfiada, sempre saco todos os sinais e estrago tudo. Dito isso, percebam a ironia de um dos dias mais emocionantes da minha vida ter sido inteiramente baseado no fato de que praticamente todas as pessoas mais importantes para mim se uniram para me preparar a maior surpresa da minha vida. 

E eu não desconfiei de nada.

Era a semana de formatura de Francisco, aquele que é popularmente conhecido como meu namorado desde que a gente tinha 15 anos. E estava tudo uma loucura. Eu não sei como é por onde vocês moram, mas aqui em São Luís as pessoas têm uma semana inteira de eventos relativos à formatura e é tudo uma super produção, sabe? É um verdadeiro festejo e isso inclui um dia específico, que esse ano foi em 06 de janeiro, quando ocorre a colação de grau - aquela com beca, canudo e discursos de 4 horas que ninguém presta atenção.

Depois da colação de grau, nós dois, os pais e irmãos dele e alguns dos nossos amigos mais próximos íamos jantar no restaurante que o primo de Francisco é dono e chef (muito bom, aliás, sdds do melhor tartar de salmão da vida). Daí, existia um plano: como a gente ia estar em um ambiente de família, uma amiga minha me sugeriu fazermos uma surpresa pro formando. A gente ia encomendar uma faixa de parabéns bem brega, pendurar uns balões, comprar um apitos, umas serpentinas e fazer uma bagunça. Achei ótimo, nossa cara, ele ia morrer de vergonha e no fundo ia amar. Topei na hora.

Só que a surpresa toda exigia uma logística. Eu tinha que fazer a arte e encomendar a faixa, comprar os apitos e as serpentinas, comprar e encher balões e, lógico, combinar tudo com os funcionários do restaurante e os convidados. Gente, deu um trabalho do cão. Eu tava super ocupada com os outros eventos da semana de festa e nenhuma (NENHUMA!) das minhas amigas parecia querer me ajudar muito: mudavam os planos na última hora, não gostavam das sugestões que eu dava, etc etc, etc. Passei dias com os nervos estourando, com raiva de tudo que saía errado, dando mil perdidos em Francisco pra resolver mil coisas escondido dele. Mal sabia eu que todas as dificuldades eram armadas pra me deixarem ocupada e, consequentemente, cega pro verdadeiro plano por trás da ~~surpresa~~ que eu organizava.

Gente, todo mundo sabia. TODO MUNDO. Os meus pais sabiam, lógico, e também sabia a família de Francisco. Sabiam as minhas amigas, inclusive aquela me sugeriu organizar a surpresa que na verdade era a minha distração e sequer tinha sido ideia dela, mas de Francisco. Sabia o pessoal do restaurante, incluindo o primo chef e os garçons. Se duvidar, até o flanelinha da rua sabia. E eu? Eu estava achando que estava organizando a surpresa do ano, enquanto todo mundo achava ótimo eu não conseguir enxergar todos os sinais que apontavam pra verdadeira surpresa da noite. 

E, no momento em que alguém me arrastou para escritório do restaurante sob uma desculpa esfarrapada, é que tudo foi organizado. Quando eu voltei pro salão de jantar, estava tocando aquela música em que há a promessa de largar tudo pra gente se casar, porque o que era sonho virou realidade. E todo mundo estava com o celular apontado pra minha cara. E ele já estava de joelhos, segurando aquela caixinha azul que um dia eu disse que era meu sonho ganhar, mas que eu jamais imaginei que ele fosse dar um jeito de trazer de outro país. E sabe a faixa de parabéns que eu encomendei? Minhas amigas seguravam uma outra maior ainda, com aquele ''CASA COMIGO?'' que me fez ficar sem reação.

Sem reação mesmo. Não conseguia me mexer. Eu sequer disse "sim" - e precisava? Chega a ser engraçado, sabe? Em todos esses anos de namoro, eu imaginei muitas e muitas vezes esse momento. Imaginei como seria e qual seria a minha reação e nós dois conversamos sobre isso várias vezes, ele sempre dizendo que ia me surpreender e eu sempre afirmando que ele jamais conseguiria. Eu deveria saber que quase 9 anos de relacionamento foi tempo suficiente pra gente crescer junto e, também, se tornar um pouco daquilo do que o outro precisa - e se ele precisasse se tornar um mestre de cerimônias surpresa, era isso que ele faria.

E depois de mais de um mês, passado o susto e começados (a passos de tartaruga) os preparativos, eu posso vir aqui sem medo falar sobre a maravilha que é ser enganada se isso significar que algumas das pessoas que eu mais amo no mundo estão tão empenhadas em algo que vai me fazer feliz. E como me faz feliz acordar todo dia, olhar pra minha mão direita e pensar em tudo que a gente passou e sobreviveu junto pra esse anel finalmente habitar meu dedo anelar. Eu era a menina do interior, ele o CDF em física e a gente brigava o tempo inteiro, mas por algum motivo o universo achou que nós ficaríamos bem juntos. Então, valeu, universo, ao menos dessa vez você fez seu trabalho direitinho!

Agora eu sou noiva (OMG!) e, consequentemente, vou casar com aquele que é meu melhor amigo desde a 8ª série. Vocês podem imaginar que, depois de tanto tempo juntos, todo mundo já nos perguntava quando isso ia acontecer, às vezes da forma menos sutil possível. Pra ser sincera, eu mesma já tinha me perguntado, tanto que já estava numa fase de deixar pra lá - quando tiver que ser... né? Mas, mais uma vez, eu tenho que ser humilde o suficiente pra admitir que minha pressa é minha inimiga, porque tudo que eu mais queria veio não quando eu achava ser melhor, mas no momento certo, em uma data especial, de uma maneira tão inesperada quanto bem arquitetada. Não poderia ter sido melhor e eu teria esperado todo esse tempo com muito mais paciência se soubesse que tudo ia culminar naquela noite.

Então, eu disse sim. Já digo sim desde 2007. Voltarei a dizer daqui um tempo, na frente de quantas pessoas amadas eu conseguir reunir. E direi sim todos os dias em diante.

06 de janeiro de 2016
E vocês me desculpem o tamanho do texto, mas não é todo dia que o amor da minha vida (e praticamente todo mundo que eu conheço) resolve me fazer uma surpresa pra me pedir em casamento.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

O meu avesso é um caos

Vocês também têm essa impressão de que passaram a vida inteira sendo de um jeito e, de repente, o universo girou e esse jeito que a gente tinha virou do avesso?

Eu, por exemplo, sem me orgulhei de dizer que era uma pessoa que terminava tudo que começava porque eu ~~dava conta de tudo~~. Nossa, eu era pessoa frenética, quase paranoica. Fiscalizava cada aspecto da minha vida, todos estavam devidamente atualizados, organizados e absolutamente nada acumulava. E eu fazia tudo sozinha, juro por Deus, e olhe que eu nunca fui a pessoa com mais tempo livre do mundo. Só que um belo dia eu acordei e tudo estava diferente.


Hoje em dia, lendo o parágrafo acima e pensando em como eu costumava ser, eu sinto vergonha do ser humano lixo que eu me tornei. Não posso mais me dar ao luxo de abrir a boca e falar, de peito inflado, que continuo dando contar de acabar tudo que começo; se eu me atrever a dizer um negócio desses, com certeza vai ser num tom de deboche com a minha própria cara, seguido um ¯\_(ツ)_/¯. Porque, né? Não ando terminando nada que eu começo. Nada. Talvez nem esse texto chegue ao fim, já aviso logo.

Nesse exato momento, por exemplo, além de estar escrevendo esse texto, eu estou com mais três abas no Google Chrome abertas, cada uma tratando de um assunto completamente diferente (uma página de busca de passagens aéreas, um blog de uma amiga com um comentário escrito pela metade e uma pesquisa sobre taxa de iluminação pública) e nenhuma pode ser fechada pelo simples motivo de: ainda não acabei o que eu tinha pra fazer. Isso porque estou no trabalho, com um processo metade escrito no Word e outros tantos em uma pilha de papel que não consigo diminuir porque simplesmente começo e não termino.

Aí eu saio do trabalho, chego em casa e tem o meu quarto. Gente, o meu quarto. Viajo hoje e a mala está jogada na cama, metade arrumada, metade vazia, esperando eu decidir o que ainda falta guardar. Na mesa ao lado, dois livros lidos pela metade (e mais um que só li as duas primeiras páginas), um journal inacabado, uma agenda desatualizada e um diário de cinco anos (aquele "Uma pergunta por dia", da Intrínseca) que tá uns cinco dias com respostas atrasadas. Em algum momento, eu vou fechar a mala (provavelmente esquecerei algum item), vou entrar no carro e partir pra viajar - escutando uma playlist antiga no carro, porque há anos digo que vou atualizar o pen drive, mas lógico que eu nunca fiz isso.

Vou chegar em casa (sim, moro em duas casas, em duas cidades e viajo toda semana de uma pra outra), entrar no meu outro quarto zoneado (não arrumei semana passada, como disse que ia fazer) e me jogar na cama, onde vou postergar e o jantar - provavelmente vou querer cozinhar alguma massa, desistir no meio do caminho, mudar pra miojo e não lavar a louça no final. Antes de dormir, por fim, vou tentar assistir Netflix (pra quê continuar a ler algum dos livros que já comecei, afinal?), mas vou desistir quando perceber que não lembro nada de nenhuma série que comecei porque dei pause em episódios totalmente aleatórios - eu costumava fazer maratona das temporadas, mas do nada achei que seria interessante parar, sei lá, nos 13 minutos do 7º episódio da 3ª temporada de OITNB.

Depois de fazer essa breve explanação de como são basicamente todos os meus dias, eu volto pra esse texto e, pasmem, como que eu tinha imaginado que ia terminá-lo, mesmo? Então, é oficial: minha vida tá de cabeça pra baixo. Tenho certeza que vocês conseguiram sentir daí minha vibrações de pura angústia e olha que eu nem contei os detalhes sórdidos de como eu estou começando e falhando em organizar meu casamento (SIM, EU VOU CASAR e preciso falar sobre isso aqui, socorro), nem sobre as minhas tentativas ridículas de procurar um novo emprego ou começar a academia. É isso: virei um caos ambulante.

Não sei o que aconteceu nem como eu fiquei assim, mas mundo, querendo girar de novo já pode, porque definitivamente o avesso não é o meu lado certo.

Acabar esse post foi o ponto alto do meu dia, quiçá semana.

ps.: caso vocês não tenham percebido, voltei aqui sem fazer alarde, como se, depois de míseros quatro posts inaugurais, eu não tivesse passado quase um ano sem dar as caras. E vou continuar sem explicar meu sumiço, porque sou dessas e porque não tenho mais desculpas (a segunda opção principalmente). Ou talvez a explicação esteja em todos os parágrafos acima.

ps².: pra coroar a lista de coisas que começo a fazer e não dou conta, resolvi entrar na vibe erradíssima das minhas amigas e criar uma newsletter (pra quem não sabe o que diabos é isso, a Anna explica aqui melhor que qualquer um). Lá eu vou falar, basicamente, sobre qualquer coisa, só que provavelmente com uma pegada mais pessoal ainda. Então, caso você tenha realmente paciência pra me aturar, vem comigo e assina lá. Vai ser massa se de repente a gente começar a bater papo.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Na estrada

Na primeira vez que eu me mudei, eu tinha 12 anos. 

Como meus pais sempre moraram no interior, quando chegou a hora de eu começar a 8º série, eles me enviaram pra estudar na cidade-grande-não-tão-grande que é São Luís. Então, eu não estava só me mudando; eu estava saindo da casa dos meus pais, da minha casa, pra morar com uma tia que não ia nem um pouco com a minha cara e que não tinha saco algum pra lidar com a adolescente emburrada que eu estava me tornando. Promissor, não é? Tinha tudo pra dar errado e deu mesmo, tanto é que quando eu tinha uns 16 anos, ela finalmente me expulsou de casa. 


Eu sei, é algo horrível, e olhe que tô poupando vocês de todos os detalhes sórdidos. Só toquei no assunto porque hoje em dia, juro, até acho graça da história toda e do fato de ela ter sido (e ser até hoje) muito mais imatura que eu. E também, cá entre nós, foi ali que a minha vida começou a melhorar. Mesmo sem saber, ela me fez o maior favor da minha vida.

Como eu virei uma sem teto, meu pai se viu obrigado a finalmente negociar o apartamento que ele vinha enrolando (e antes não tinha condições$) de comprar. Mas como todo bom apartamento na planta, esse levou anos até ficar pronto. Nesse meio tempo, eu fiquei morando na casa de um casal de tios - a meu contragosto, é verdade, considerando que eu fiquei bem traumatizada com a primeira experiência de morar na casa alheia. Nessa época, o baby brother também veio pra São Luís, então ficamos os dois testando a paciência dos meus tios, que resistiram bravamente e sempre nos trataram muito bem, obrigada. 

Lá pra 2011, baby brother e eu finalmente fomos morar no apartamento que meu pai comprou. Depois de muita bagunça e objetos perdidos, ficamos os dois lá, eu com 19 anos e ele com 16, aprendendo a cozinhar, varrer a casa e a dormir sem deixar a porta da sacada aberta. Que fase, meus amigos. A gente tinha muito ajuda da minha mãe, que passava temporadas com a gente; de uma prima, que passou mais uns dias por lá; de Francisco, que lavou muita louça nessa época. Mas né, estávamos sozinhos.


Agora em 2015, eu, achando pouco já ter morado em três casas tão diferentes ao longo dos meus parcos 23 anos de vida, me mudei de novo - esse post, na verdade, era sobre isso, mas acabou virando sobre minha vida inteira. A ordem natural das coisas é sim de que eu me mudasse, mas pra uma casa minha, não é? Afinal, eu já trabalho, tenho salário, posso me bancar... O problema é que, justamente por causa do trabalho, eu tive que vir morar em uma cidade do interior com o meu sogro e meu cunhado - e sem Francisco, o que torna tudo ainda mais estranho.

Na verdade, eu moro com eles durante a semana. Depois do expediente da sexta, eu encaro 4 horas de ferry boat e ônibus pra passar terminar o dia em São Luís e passar o sábado no meu apartamento, com meu irmão, ou no flat de Francisco; no domingo à noite, volto a rever o ferry e o busão e já durmo na casa do meu sogro.

Repito essa rotina em looping infinito, de novo e de novo. Viver de malas prontas não é lá a vida estável que eu sempre sonhei em ter, mas ei, eu não tenho nem um ano de formada e já queria viver no glamour? (Resposta: óbvio que sim)


Não me entendam mal. Não é como se a minha vida tivesse voltado a ser o terror que era na casa da minha primeira tia, com comida regrada e horário até pra tomar banho. O meu sogro e meu cunhado são ótimos, claro... Mas são apenas o meu sogro e meu cunhado. Não são, por exemplo, a minha cama, o tempero da comida da secretária lá de casa e muito menos a conchinha de Francisco. Sinto saudade dos meus livros, da minha escrivaninha, de almoçar no sofá de casa e até de ficar presa no elevador do meu prédio - sinto todas as saudades idiotas que batem quando a falta de alguma coisa tá realmente grande.

Depois de tantas mudanças e experiências nas casas de outras pessoas, eu tô de novo fora da minha zona de conforto. Apesar de estar recebendo todo o apoio possível, tá sendo complicado me adaptar. Talvez por conta de estar mais velha e me achar muito independente pra ainda ser tão dependente, nunca foi tão difícil estar tão longe de tudo que é meu. Morar com meu sogro e meu cunhado, dois homens muito bacanas, mas muito diferentes de mim em tudo, tem sido, de diversas formas, assustador. Eles fazem de tudo pra me deixar à vontade, mas ainda assim... Se tem uma coisa que eu aprendi sobre mim, é que não preciso ser mal tratada pra me sentir um peixe fora d'água.

Eu sou fora d'água naturalmente.

terça-feira, 24 de março de 2015

23 lições em 23 anos

No último sábado, dia 21, foi meu aniversário. Por causa do susto levei por meus pais terem sofrido um acidente de carro no mesmo dia (agora já tá tudo bem), não tive tempo nem de refletir sobre o que quer que signifique fazer 23 anos. Na verdade, meu aniversário passou e eu nem vi. Só agora a ficha parece estar caindo e, com ela, vieram as crises existenciais, as pilhas erradíssimas e a necessidade de registrar uma ou duas filosofias que venho acumulando desde que descobri que o mundo existe.

Esse post é a minha cara, mas se tornou ainda mais necessário depois do texto da Annoca. Afinal, o que é mais importante nessa vida que compartilhar sabedorias de boteco (que provavelmente serão reformuladas até o próximo aniversário)? Sendo assim, eis 23 lições que eu consigo extrair dos últimos 23 anos:

1. O tempo não cura tudo. Cura a maioria das coisas, graças a Deus, mas infeliz e sinceramente, não cura tudo. É por isso que algumas coisas sempre vão doer e algumas pessoas sempre vão te machucar e você tem que se acostumar e aprender a lidar com isso, se não quiser que essas cicatrizes que nunca fecham acabem definindo quem você é e como você escara o mundo à sua volta.

2. “Não posso fazer nada, eu sou assim” é uma ótima desculpa pra gente não se esforçar em melhorar aquilo que provavelmente já passou da hora de ser melhorado. Inclusive, ainda uso essa justificativa mais do que eu gostaria e escuto na mesma frequência.


3. Algumas pessoas nunca vão se encaixar na minha vida ou permanecer nela por muito tempo. E tudo bem. Conhecer alguém, construir e manter uma amizade dá trabalho mesmo, requerer esforço e atenção e não é todo mundo que está disposto a isso.  

4. Nunca subestime os seus pensamentos e preze sempre pela sua boa qualidade. Um pensamento ruim nos aprisiona, mas um pensamento bom nos liberta. 

5. “Já vi o fim do mundo algumas vezes e na manhã seguinte tava tudo bem”. Pra mim, isso acontece de maneira literal: muitos dramas nessa vida são possíveis de se curar ou de se amenizar consideravelmente com uma noite de sono.

6. Ninguém merece ser meu saco de pancada. Não adianta nada descontar minha raiva ou frustração nos outros, porque isso só vai fazer as pessoas se afastarem, o que vai me causar mais raiva e frustração ainda.


7. Nunca posso tomar decisões quando estou muito triste, com muita fome, com muito sono ou com muita raiva. São quatro situações em que o raciocínio está baixo e a força de vontade está pouca, o que contribui muito pra que o resultado final seja horrível.

8. Deixar as experiências passadas com alguém determinar o seu futuro é algo cômodo e até compreensível, mas que não pode perdurar eternamente. Você não pode tratar alguém com base na forma que foi tratado por outra pessoa, não pode se deixar traumatizar por uma situação ruim, não pode ter medo de se entregar só porque já deu errado uma vez.

9. A gente só sabe tentando. Se você não for atrás do que quer, nunca vai ter. Se você nunca perguntar, a resposta sempre vai ser não. Se você não der um passo à frente, nunca vai sair do lugar. 

10. Tá certo que o dinheiro não compra felicidade, mas poucas coisas na vida são tão felizes quanto comprar alguma coisa com o seu dinheiro, que você merecidamente recebeu por ralar o mês inteiro, se privando da soneca pós-almoço, passando horas e horas escrevendo petições e atendendo todo tipo de cliente. Comprar algo com o seu dinheiro é uma vitória.


11. Orgulho não leva ninguém a lugar nenhum. É por isso que eu vou atrás, eu choro, eu peço perdão, eu tento argumentar. Se não der, não deu, mas a minha parte, pelo menos, eu procuro fazer. 

12. Sabe aquela história que o amor é uma plantinha que tem que ser cotidianamente regada? Então, deixa eu contar pra vocês: é verdade. E não só regar, mas adubar, podar, por no sol, por na sombra, trocar de vaso quando o anterior ficar muito pequeno... Só assim a plantinha vai crescer, forte e saudável, e durar às vezes mais que a própria vida.

13. Conversando a gente se entende. O que não dá pra ficar é o dito pelo não dito, o ‘cada um entenda como quiser’, a conclusão mais errada sobre algo não devidamente esclarecido. Verdadeiras guerras civis poderiam ser evitadas se as pessoas simplesmente se importassem o suficiente ao ponto de conversarem de verdade umas com as outras. Até porque um dia essa bomba de coisas não ditas explode e aí, juro, você não vai querer nem estar por perto pra ver as consequências. 

14. Meus pais não são meus chefes carrascos, mas sim meus amigos. Eu não preciso mentir pra eles ou esconder as coisas. Eu tenho total liberdade para conversar com eles e mostrar a pessoa que eu sou porque a verdade é a seguinte: eles podem até não concordar comigo, mas sempre, sempre vão me apoiar. 

15. É só um dia ruim, não uma vida ruim. A gente vive de fases: às vezes tá tudo bem, daí piora, depois melhora muito pra em seguida voltarmos pro fundo do poço. O grande lance é não se desesperar e lembrar que o mundo continua a dar voltas. 


16. É melhor ser gentil do que ter razão. É um lema que eu encontrei em dois livros que li em 2013 e algo que preciso sempre estar me lembrando de aplicar – eu, como boa ariana que sou, tenho uma leve tendência a ser dona da razão, deusa absoluta da verdade. E tá errado, eu sei. E não é algo fácil de mudar em nós mesmo. Mas é uma mudança necessária. 

17. Ninguém nasce sabendo de nada e todo mundo sofre pra aprender alguma coisa. Eu não posso me sentir a pessoa mais burra do mundo simplesmente porque sou inexperiente.

18. A impulsividade é uma armadilha. É algo que pode me levar à falência, me afastar das pessoas, me deixar infeliz ou, pior, me tornar uma infeliz solitária e pobre. É algo com que, provavelmente, eu vou ter sempre que ter cuidado, porque é a minha cara agir sem pensar nas consequências. 

19. Todo mundo precisa ter alguém (ou alguéns) em quem confiar. É algo que te deixa mais leve, é uma saída quando tudo aparentemente estiver perdido. Ter em quem confiar é um plano B contra o auto boicote. O que eu sei, com absoluta certeza, é que ninguém pode viver bem se for solitário o tempo todo.

20.  Nem tudo é certo ou errado, preto ou branco, 8 ou 80. As coisas têm duas versões, dois lados, dois pontos de vista e saber enxergar isso é uma arte que eu ainda estou aprimorando, mas que, quando bem executada, sempre rende muito aprendizado.

21. Ter sempre um plano pra tudo é uma boa forma de se levar a vida. Isso não significa que tudo sempre dá certo, mas que sou metódica e perfeccionista. Essas duas coisas em excesso às vezes me levam à loucura, mas, quando dosadas corretamente, me trazem segurança e satisfação sem limites. 

22. Eu não sou melhor que ninguém, mas também não sou pior. Só que, enquanto eu não me aceitar e não me sentir confortável com a mulher que eu me tornei, não posso exigir que as pessoas ao meu redor façam o mesmo.


23. Engole o choro (ou, se você for maduro como eu, chore escondidinho) e vai viver, porque se você for esperar até as coisas serem fáceis pra só daí tomar alguma atitude, vai chegar aos 80 anos e se descobrir sentada no sofá da sala, sozinha, frustrada e ainda esperando.